Autora: Rainbow Rowell
Edição: London: Orion Books, 2014.
Rainbow Rowell
é autora norte-americana que ganhou reconhecimento por suas obras voltadas para
jovens adultos – Fangirl e Eleanor & Parks. Apesar disso, Landiline, assim como seu romance de
estréia Attachtments, tem como
público alvo adultos.
No romance, a
personagem principal é Georgie, uma escritora para seriados de televisão que
recebe a chance pela qual sempre esperou: finalmente consegue que um produtor
financie o piloto da série que sonha escrever desde os tempos de faculdade. O
problema é que, para conseguir entregar os roteiros exigidos para fechar o
negócio, terá que passar o recesso de natal trabalhando. Seu marido decide,
mesmo assim, levar adiante os planos da família adiante e viaja com
as duas filhas do casal para a casa de seus pais, enquanto Georgie fica para
trás tentando se dedicar ao seu trabalho, mas perturbada pela possibilidade de
seu casamento estar prestes a acabar.
O enredo sofre
de um excesso de informação – os flashbacks; a conturbada relação platônica de
Georgie e seu parceiro de escrita, Seth; os diferentes relacionamentos da
protagonista com sua família e o drama com seu marido, o introspectivo Neal – e
falha por não encontrar uma resolução real. As batalhas pessoais de Georgie
para conseguir equilibrar vida pessoal e profissional, sua história na carreira e o relacionamento
platônico com Seth lembram bastante 30
Rock, sitcom americano escrito por Tina Fey que praticamente implora para
ser uma das referências da personagem central, mas ao não ser mencionado dá a
péssima impressão de que a autora prefere que seu leitor não perceba a nitída
influência.
Além dos
dramas pessoais, o romance ainda traz um elemento de fantasia: Georgie passa os
dias do recesso na casa de sua mãe e lá usa o telefone residencial para
telefonar para o residencial da família de Neal – que se recusa a atendê-la no
celular. Porém, Georgie logo percebe que não está falando com o Neal do presente,
mas sim com o Neal do passado, mais exatamente uma semana antes de pedi-la em casamento.
Os dois dividem longas conversas sobre relacionamentos enquanto Georgie
reavalia a vida dos dois juntos.
Como
personagem, Georgie é bastante frustrante. Sua incapacidade de ter orgulho do
próprio trabalho e a facilidade com que o enxerga somente como um problema
quando é a única fonte de renda do casal, junto com o fato de que em nenhum
momento ela parece perceber que um homem jamais se sentiria culpado por estar
na posição em que ela está são irritantes e fazem com que Neal, que tinha tudo
para ser um personagem que questiona estereótipos ao escolher ficar em casa com
as filhas, torne-se somente um homem inseguro e incapaz de se comunicar de
verdade. E, mesmo com o grande gesto dramático final, não há resolução para as
questões que o livro aborda justamente por seu tratamento superficial do que
poderia ser uma interessante reflexão sobre a dinâmica familiar nos dias de
hoje.
O que faz com
que, apesar de seus defeitos, Landline seja
uma leitura prazerosa é a habilidade de Rainbow Rowell para escrever diálogos
divertidos. Apesar disso, é impossível evitar, ao final da leitura, a sensação
de que nada aconteceu de fato durante a narrativa e de que os personagens
continuam como no começo.
Nota: ♥♥