segunda-feira, 30 de junho de 2014

O Grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald

Título: O Grande Gatsby
Autor: F. Scott Fitzgerald
Tradutor: Vanessa Barbara
Edição: São Paulo: Penguin Classics - Companhia das Letras, 2011.

       Hemingway, de quem F. Scott Fitzgerald era amigo pessoal, popularizou o termo “geração perdida” criado por Gertrude Stein para descrever os jovens adultos que alcançaram a maioridade durante a Primeira Guerra Mundial e viveram os roaring twenties (em tradução livre, vigorosos anos 20). Esta geração foi definida, principalmente, pelo desejo de romper com as tradições. Em seu romance mais famoso, O Grande Gatsby, Fitzgerald debruça-se sobre uma das ideias que inspiravam, atormentavam e fascinavam sua geração: o sonho americano.
            O Grande Gatsby é um romance narrado por Nick Carraway, jovem veterano da guerra que acaba de se mudar para uma nova vizinhança em Nova Iorque graças à uma oportunidade de trabalho. Assim que se estabelece, Nick retoma contato com sua prima, Daisy, e o marido dela, Tom Buchanan. Nessas visitas conhece também Jordan Baker, proeminente tenista com quem começa um relacionamento.
            Nick logo descobre que a área em que estabeleceu residência é bem conhecida na cidade graças às festas que seu vizinho, Jay Gatsby, dá. Dono de uma impressionante mansão, Gatsby periodicamente organiza celebrações impressionantes em seu requinte e ostentação, apesar de não ser um participante entusiástico delas. Observa-as de fora, o que só alimenta ainda mais a curiosidade a respeito de sua figura misteriosa. Nick  recebe um convite para uma das festas e lá reencontra Jordan e descobre que seu vizinho e Daisy foram apaixonados no passado.
            São expostos, então, os relacionamentos entre as personagens. Gatsby aproxima-se de Nick e consegue finalmente uma entrada para o círculo social de Daisy. Apesar de possuir dinheiro, Gatsby mantem-se um forasteiro ao universo do qual deseja fazer parte. Conforme estabelece com Nick uma relação de amizade, é revelado como Gatsby conseguiu ascender socialmente e porque, afinal, preocupa-se tanto com suas festas. Seu longo diálogo é marcado pelo jeito caricato de falar e sua história de vida e sonhos contrastam com a superficialidade afetada dos outros personagens.
            O Grande Gatsby é comentário ácido sobre relações de classes. Aos personagens de berço de ouro resta uma covardia imensa de sair do conforto, mesmo quando esse conforto não traz felicidade concreta. A filha de Daisy e Tom, praticamente ignorada pelos pais, traz a promessa de que a alienação que permite que essas pessoas mantenham-se onde estão deverá continuar a existir. Por outro lado, Gatsby mostra que não há redenção para quem luta pela ascensão social a qualquer custo, pois o dinheiro traz também a corrupção do espírito jovem que acaba tornando-se inescrupuloso.
Se o personagem de Nick é estranhamente otimista para alguém que viu a Guerra – mas talvez assim tenham sido os jovens de classe média de sua geração – quando percebe a dura realidade social por meio do relacionamento com seus amigos, e em especial com Gatsby, começa a ter uma visão mais pessimista do mundo. O sucesso deixa de parecer uma equação simples em que esforço e inteligência resultam em felicidade.
A prosa de Fitzgerald é bem calculada e sabe ser pomposa na medida em que sua narrativa de aparência versus realidade pede, evitando exageros despropositados e encontrando um de seus maiores trunfos na construção de vozes convincentes para seus diferentes personagens. O enredo intercala momentos mais calmos e reflexivos com momentos de ação intensa, mantendo um ritmo que prende o leitor e, junto com o tema principal, explicam facilmente a longevidade do romance.
            
Nota: ♥♥♥♥

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