quarta-feira, 18 de setembro de 2013

The Girl Who Circumnavigated Fairyland In A Ship Of Her Own Making, Catherynne M. Valente

Título: The Girl Who Circumnavigated Fairyland In A Ship Of Her Own Making
Autora: Catherynne M. Valente
Editora: Square Fish (Macmillan)
Edição: 1ª ed, New York, 2012
Para ler mais sobre a autora conheça seu site onde estão disponíveis algumas de suas obras e trabalhos críticos.


     The Girl Who Circumnavigated Fairyland In A Ship Of Her Own Making é o primeiro de cinco livros da série Fairyland, escrita pela autora americana Catherynne M. Valente e ilustrada por Ana Juan, e também sua primeira obra voltada para o público infantil estreou em oitavo lugar na lista dos mais vendidos do New York Times. Até o presente momento, duas das sequências já foram publicadas - The Girl Who Fell Beneath Fairyland and Led the Revels There (2012) e The Girl Who Soared Over Fairyland and Cut the Moon in Two (2013) e uma prequel, chamada The Girl Who Ruled Fairyland—For a Little While foi publicada em 2011. No Brasil foi publicada uma tradução do primeiro livro sob o título A Menina Que Navegou Ao Reino Encantado Em Um Barco Que Ela Mesma Fez pela editora Leya. A autora possui uma extensa lista de obras publicadas, entre elas romances, poesias e coletâneas de contos e nelas podemos perceber a recorrência de temas retirados do universo do folclore de diversos países, temas mitológicos e forte influência de contos de fadas.
     Em The Girl Who Circumnavigated Fairyland In A Ship Of Her Own Making a prosa rebuscada e lírica de Valente dá colorido ao mundo encantado desvendado por sua heroína, a pequena September. Convidada pelo Green Wind a abandonar a realidade solitária de filha de uma mãe que trabalha fora para sustentar a casa (exercendo função de mecânica e cujo gosto por motores provará ser importante durante a narrativa) e um pai soldado e, por isso, bastante ausente, September aceita embarcar rumo ao desconhecido munida apenas do conhecimento que adquiriu por meio de suas leituras. O narrador em terceira pessoa é onisciente e dirige-se ao leitor em vários momentos, ora para ironizar as crenças de September, ora para lembrar seu leitor de que está consciente das expectativas que ele – ecoadas pela personagem principal que também identifica-se como leitora – tem a respeito das narrativas infantis fantásticas.
     September recebe das bruxas Hello, Goodbye e do Wairwulf Manythanks (uma espécie de lobisomem que só é homem durante a lua cheia) a missão de resgatar uma colher roubada pela maligna Marquesa de Fairyland. Como September sabe que toda protagonista de uma história que se preze deve ter uma missão, aceita. Em suas andanças pelo reino faz amizade com criaturas como o Wyvern (uma criatura parecida com um dragão, mas dócil) A-through-L, com Saturday, um Marid que September resgata das garras da Marquesa e uma lâmpada chamada Gleam. Em sua primeira missão September acaba por receber outra e por decidir enfim tentar cumprir uma que impõe a si mesma e é tão clássica quanto poderia ter desejado: derrubar uma governante maldosa.
     É notável a influência de clássicos da Literatura Infantil na obra. Histórias como as de Alice no País das Maravilhas, O mágico de Oz e As Crônicas de Nárnia exercem forte influência e são, por vezes, homenageadas em Fairyland. O reino encantada de September se apresenta como o lugar onde todas essas narrativas se passaram, a terra para onde vão as crianças que escapam brevemente de nosso mundo. A edição do selo Square Fish conta com uma entrevista com a autora em que ela revela ser sua intenção com Fairyland trazer uma protagonista que toma para si mesma a magia, ao invés de voltar para a casa no final de sua aventura. Por meio de uma releitura menos sombria do mito de Perséfone, Valente faz questão de mostrar que o mundo de Fairyland torna-se parte inexpugnável da vida de September.
     Catherynne M. Valente coloca toda a força de sua narrativa sobre os ombros da pequena, mas forte September. A protagonista precisa sobreviver grandes perigos, derrotar inimigos poderosos e demonstrar seu valor para sobreviver ao mundo das fadas – que por mais fascinantes que sejam, não são confiáveis. Despede-se de sua própria sombra, do conforto, de seus longos cabelos negros e, por fim, da possibilidade de abandonar os desafios mortais de Fairyland e voltar para casa em seus esforços para salvar seus amigos e as criaturas mágicas que conhece. September recebe ajuda, mas jamais é resgatada. E é usando seus próprios punhos que consegue, enfim, ver todos que lhe são caros em segurança.
     A capa da edição americana de Fairyland conta com uma citação de Neil Gaiman que resume perfeitamente o exercício realizado por Valente com a obra: a busca de um “glorioso equilíbrio entre modernidade e o conto de fada vitoriano, alcançado com sentimento e sabedoria”. A autora doma a força do conto de fada com o vigor de sua prosa e seu olhar crítico que escolhe, sabiamente, onde deixar sua própria marca no curso do rio das narrativas míticas – sempre iguais, mas sempre diferentes. September é uma protagonista memorável em suas qualidades e suas falhas; hesita, mas mantêm-se leal; apaixona-se por seu novo mundo só para perceber que ama o antigo. Temas como a relação com os pais, com o próprio corpo, a nudez, a vaidade e o desejo de descobrir seu potencial e viver uma vida que ultrapasse a banalidade tornam a personagem humana e fazem com que ela ecoe com os leitores mais novos... e com os mais velhos também.

Nota: ♥♥♥♥


2 comentários:

  1. Ela chama September! Que lindo isso! Adorei os nomes da bruxas também hehehe!

    Parece ser bem legal :) E se Neil Gaiman indica deve valer a pena!

    Bjs!
    http://newromantic.net

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    Respostas
    1. O nome dela faz sentido lá pro finalzinho do primeiro livro :)

      Vale a pena sim, Neil Gaiman disse e eu confirmo! hahaha

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