Autora: Catherynne M. Valente
Editora:
Square Fish (Macmillan)
Edição: 1ª
ed, New York, 2012
Para ler mais sobre a autora conheça seu site onde estão
disponíveis algumas de suas obras e trabalhos críticos.
The Girl Who
Circumnavigated Fairyland In A Ship Of Her Own Making é o primeiro de cinco
livros da série Fairyland, escrita
pela autora americana Catherynne M. Valente e ilustrada por Ana Juan, e também sua
primeira obra voltada para o público infantil estreou em oitavo lugar na lista
dos mais vendidos do New York Times. Até o presente momento, duas das
sequências já foram publicadas - The Girl Who Fell Beneath Fairyland and Led
the Revels There (2012) e The
Girl Who Soared Over Fairyland and Cut the Moon in Two (2013) – e uma prequel,
chamada The Girl Who Ruled Fairyland—For a Little While foi publicada em
2011. No Brasil
foi publicada uma tradução do primeiro livro sob o título A Menina Que
Navegou Ao Reino Encantado Em Um Barco Que Ela Mesma Fez pela editora Leya.
A autora possui uma extensa lista de obras publicadas, entre elas romances,
poesias e coletâneas de contos e nelas podemos perceber a recorrência de temas
retirados do universo do folclore de diversos países, temas mitológicos e forte
influência de contos de fadas.
Em The Girl Who
Circumnavigated Fairyland In A Ship Of Her Own Making a prosa rebuscada e
lírica de Valente dá colorido ao mundo encantado desvendado por sua heroína, a
pequena September. Convidada pelo Green
Wind a abandonar a realidade solitária de filha de uma mãe que trabalha fora
para sustentar a casa (exercendo função de mecânica e cujo gosto por motores
provará ser importante durante a narrativa) e um pai soldado e, por isso,
bastante ausente, September aceita embarcar rumo ao desconhecido munida apenas
do conhecimento que adquiriu por meio de suas leituras. O narrador em terceira
pessoa é onisciente e dirige-se ao leitor em vários momentos, ora para ironizar
as crenças de September, ora para lembrar seu leitor de que está consciente das
expectativas que ele – ecoadas pela personagem principal que também
identifica-se como leitora – tem a respeito das narrativas infantis
fantásticas.
September recebe das bruxas Hello, Goodbye e do Wairwulf Manythanks (uma espécie de
lobisomem que só é homem durante a lua cheia) a missão de resgatar uma colher
roubada pela maligna Marquesa de Fairyland. Como September sabe que toda
protagonista de uma história que se preze deve ter uma missão, aceita. Em suas
andanças pelo reino faz amizade com criaturas como o Wyvern (uma criatura
parecida com um dragão, mas dócil) A-through-L, com Saturday, um Marid que
September resgata das garras da Marquesa e uma lâmpada chamada Gleam. Em sua
primeira missão September acaba por receber outra e por decidir enfim tentar
cumprir uma que impõe a si mesma e é tão clássica quanto poderia ter desejado:
derrubar uma governante maldosa.
É notável a
influência de clássicos da Literatura Infantil na obra. Histórias como as de Alice
no País das Maravilhas, O mágico de Oz e As Crônicas de Nárnia exercem
forte influência e são, por vezes,
homenageadas em Fairyland. O reino encantada de September se apresenta
como o lugar onde todas essas narrativas se passaram, a terra para onde vão as
crianças que escapam brevemente de nosso mundo. A edição do selo Square Fish
conta com uma entrevista com a autora em que ela revela ser sua intenção com Fairyland
trazer uma protagonista que toma para si mesma a magia, ao invés de voltar
para a casa no final de sua aventura. Por meio de uma releitura menos sombria do
mito de Perséfone, Valente faz questão de mostrar que o mundo de Fairyland
torna-se parte inexpugnável da vida de September.
Catherynne M.
Valente coloca toda a força de sua narrativa sobre os ombros da pequena, mas
forte September. A protagonista precisa sobreviver grandes perigos, derrotar
inimigos poderosos e demonstrar seu valor para sobreviver ao mundo das fadas –
que por mais fascinantes que sejam, não são confiáveis. Despede-se de sua própria
sombra, do conforto, de seus longos cabelos negros e, por fim, da possibilidade
de abandonar os desafios mortais de Fairyland e voltar para casa em seus
esforços para salvar seus amigos e as criaturas mágicas que conhece. September
recebe ajuda, mas jamais é resgatada. E é usando seus próprios punhos que
consegue, enfim, ver todos que lhe são caros em segurança.
A capa da edição
americana de Fairyland conta com uma citação de Neil Gaiman que resume
perfeitamente o exercício realizado por Valente com a obra: a busca de um
“glorioso equilíbrio entre modernidade e o conto de fada vitoriano, alcançado
com sentimento e sabedoria”. A autora doma a força do conto de fada com o vigor
de sua prosa e seu olhar crítico que escolhe, sabiamente, onde deixar sua própria marca no curso do
rio das narrativas míticas – sempre iguais, mas sempre diferentes. September é
uma protagonista memorável em suas qualidades e suas falhas; hesita, mas
mantêm-se leal; apaixona-se por seu novo mundo só para perceber que ama o antigo.
Temas como a relação com os pais, com o próprio corpo, a nudez, a vaidade e o
desejo de descobrir seu potencial e viver uma vida que ultrapasse a banalidade
tornam a personagem humana e fazem com que ela ecoe com os leitores mais
novos... e com os mais velhos também.
Nota: ♥♥♥♥
Ela chama September! Que lindo isso! Adorei os nomes da bruxas também hehehe!
ResponderExcluirParece ser bem legal :) E se Neil Gaiman indica deve valer a pena!
Bjs!
http://newromantic.net
O nome dela faz sentido lá pro finalzinho do primeiro livro :)
ExcluirVale a pena sim, Neil Gaiman disse e eu confirmo! hahaha